#Resenha: O Escravo de Capela



Título: O Escravo de Capela

Autor: Marcos deBrito

Autor: 288

Editora: Faro Editorial




COMPRE AQUI:    BUSCAPÉ, AMERICANAS, SUBMARINOAMAZON












     Um romance de época verdadeiramente nos moldes brasileiros. Com mentiras, traições, vingança, sangue, violência e folclore.


" - Melhor você dormir, Sabola. Sonhar ainda é uma das poucas coisas que os brancos não tiraram da gente. Isso é o mais perto da liberdade que você vai conseguir chegar esta noite."Pag. 69


     Em Capela a chegada de novos escravos é constante. Não por causa da abundância financeira que a cana produz, mas pelos desmandos do pior feitor que todos os livros já viram. Antonio é o filho mais velho de Batista e herdeiro das terras e de toda a maldade do mundo.

     Nessas terras os escravos são submetidos as piores atrocidades, muitas vezes sem motivo algum. E como vários deles não resistem as torturas cometidas por Antonio e seus capangas, Batista está sempre repondo a mão de obra escrava perdida.

     Dessa maneira chega Sabola, um negro jovem e determinado, que não se conforma com o que lhe é imposto. Porém, logo que chega, por não saber falar português, Antonio já lhe mostra como as coisas funcionam por ali e Sabola vai pro seu primeiro açoite.


"Sem dizer sequer uma única palavra, Batista umedeceu os lábios e., com um golpe vertiginoso do braço, desenhou a primeira chaga."Pag. 96

     
     Jogado na senzala, Sabola cai nos braços do velho Akili, um homem sinistro e aleijado, que nunca sai pra ver a luz do sol. Anos antes ele foi pego invadindo a casa grande, e por isso, como punição recebeu golpes nas pernas até que seus ossos fossem esmigalhados. Ficar preso na senzala de Capela foi seu castigo - e também sua motivação.

     Batista é um homem duro. Apesar de não concordar com a loucura de seu primogênito, ele não faz quase nada para impedir. Pelo contrário, ele sente até prazer em ver um negro sendo açoitado.

     Já seu filho caçula, formou-se em medicina na Europa e está em Capela só para passar alguns dias enquanto espera uma carta que o levará de vez para trabalhar com enfermos além-mar. Inácio não concorda com nada que acontece ali naquela fazenda, e é contra maltratar os negros. Ele apoia o fim da escravidão, e isso é o maior desgosto da vida do seu pai.


"O chicote em sua mão ritmava a lavragem. Quando percebia que algum escravo não acompanhava a cadência, bastava um estalo do instrumento para que qualquer homem ignorasse o cansaço a fim de não colecionar uma nova estria de sangue nas costas."Pag. 10


     Depois de curado, Sabola  decide fugir e Akili resolve ajudá-lo.

     Liberto das correntes que o prendiam dentro da senzala, Sabola monta em uma mula e sai a caminho da mata, mas é pego em flagrante. A mula tem a cabeça decepada, assim como a perna direita do negro é arrancada a golpes de facão depois de sofrer a pior surra que qualquer outro negro já tenha visto ou sofrido.
     
     Nasce aí a lenda mais aterrorizante do nosso folclore.

     Mas como para o autor desgraça pouca é bobagem, ele também nos brinda com uma ardente história de amor impossível, que tem seu final trágico.

     Trágico suficiente para Shakespeariano nenhum botar defeito.


"Um doloroso urro trovejante denunciara o ligamento do joelho arrebentando-se ao impacto daquela soleira."Pag. 35


     Por vários motivos "O Escravo de Capela" é disparado uma das minhas melhores leituras do ano.

     Apesar do autor usar algumas palavras mais rebuscadas, seu texto é de fácil entendimento e flui naturalmente. A maneira como ele narra essa história vai entrando na mente do leitor e é possível visualizar cada canto da casa, da fazenda e dos personagens.
     
     As descrições das torturas é forte, porém não dá pra negar a veracidade delas. Sabemos muito bem que a época do Brasil Colônia não foi nada bonita.

     A história de amor descrita também nos faz penar em quantas famílias devem ter passado pelo mesmo "problema"... Não é a toa que a Roda dos Enjeitados foi trazida e implantada no Brasil pelos aristocratas portugueses.

     E vai muito além, também é discutível a obrigação dos negros em frequentar as missas e a proibição dos rituais religiosos que eles praticavam na sua terra natal.


"Mal colocou o rosto na janela e encarou o cadáver sem cabeça do animal que vagueava morto."Pag. 109


     Em menos de trezentas páginas o autor me levou a uma viagem ao Brasil Colonial que ficará marcada na minha memória para sempre!

     Super recomendo a leitura para todos!


















a Rafflecopter giveaway



16 comentários

  1. Essa época triste da nossa história sempre rendeu ótimos filmes e excelentes livros, apesar de toda a carga de tristeza, revolta e claro, indignação que a gente ainda sente em ver que em muitos lugares,isso ainda não acabou.
    Namoro este livro tem um bom tempo, mas ainda não pude ler. Só que a vontade aumentou mais ainda e espero poder fazer isso em breve!
    A riqueza de detalhes parece absurda!
    Beijo

    ResponderExcluir
  2. nossa Lê que enredo!
    confesso que estou com aquela dúvida entre ler ou correr da trama...
    http://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  3. Lê!
    Que o Marcos é um autor fenomenal, é inquestionável.
    E ver que soube usar o folclore local, junto com fatos realmente existentes e criar uma ficção espetacular e carregada de assombro, faz com que queira ler logo mais esse livro dele.
    Desejo um ótimo final de semana!
    “Saber quando se deve esperar é o grande segredo do sucesso.” (Xavier Maistre)
    Cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA DE OUTUBRO 3 livros, 3 ganhadores, participem.

    ResponderExcluir
  4. Oi Lele! Que bom que o livro agradou, eu estava meio receosa de não curtir, mas pelo visto tem um conteúdo incrível. Bom domingo. Bjos!!!

    ResponderExcluir
  5. Oi.
    Eu li esse livro, e ele também abriu meus olhos, eu tinha uma visão bem ingenua do foi o regime escravista no brasil e apesar de ser uma obra de ficção, ele tem sua parcela de verdades, eu adoro essa capa e fico feliz que desfrutou da leitura.
    Bjs.

    ResponderExcluir
  6. A premissa deste livro desde do começo me chamou a atenção, ao ponto de querer ler a obra, por se tratar do Brasil colonial, na qual tenho curiosidade de aprender, e me aprofundar no assunto, no entanto o fato de haver descrições minuciosas destas covardias sofridas pelos negros isto me deixa com receio de ler a obra, e acabar não curtindo muito estas cenas, porém a forma como e desenvolvida me pareceu ser envolvente, ao ponto de não largamos o livro.

    ResponderExcluir
  7. O livro mostra de maneira clara a forma como os escravos eram tratados. Para a maioria dos senhores de fazenda e seus capatazes, os escravos não eram seres humanos, mas bestas a serviço de seus senhores. Infelizmente, era uma realidade cruel e realista, que muitos preferem ignorar. Parabéns ao autor por ter nos mostrado a história dessa época. Quanto ao mito ou lenda, muito se falava e ainda se fala dos seres que voltavam para assombrar.

    ResponderExcluir
  8. Livro com resenha tensa e pesada, nada me diria que é um romance como descrito, por isso a surpresa. Quando tem covardia a leitura me abala de tal maneira que tenho que me preparar para ler e essa certamente deva ser assim, é o tipo de leitura que te intoxica de tal forma que a proxima tem que ser estilo agua com açucar ou cliche mesmo. Mas ta valendo!!

    ResponderExcluir
  9. Não gosto de livros com tanta sofrimento e desgraça assim...

    ResponderExcluir
  10. Lelê!
    Adorei conhecer o livro, não tinha lido nd sobre ele ainda, o enredo me parece bem forte, o que me deixa ainda mais com vontade de ler e conhecer a escrita tbm.
    Sua resenha me deixou ainda mais curiosa!
    Bjs!

    ResponderExcluir
  11. Oi, Lelê.
    Aqui em casa, quem leu esse livro foi o Denis e ele adorou!!
    Agora preciso convencê-lo a escrever uma resenha pra mim!
    beijos
    Camis - blog Leitora Compulsiva

    ResponderExcluir
  12. Sabe quando você tem uma opinião sob algo, é quando realmente conhece, sua mente se abre e você muda totalmente sua opinião! ❤❤❤❤❤❤❤❤❤💜💜💜💜💜💜
    Maravicherry, eu ameiii💙

    ResponderExcluir
  13. Alessandra, eu adorei a sua resenha! Achei interessante como o autor mesclou o folclore popular com um pedaço vergonhoso de nossa história e criou personagens verossímeis, que representam os verdadeiros monstros que existem. Gostei de saber que O Escravo de Capela é um livro com um enredo forte e impactante por demonstrar em suas linhas o tratamento brutal que os escravos sofriam. Por isso, eu adoraria ter a oportunidade de conhecer essa grande história!
    Bjos!

    ResponderExcluir
  14. Uma das minhas paixões são livros que partem de fatos históricos reais para construir a base da narrativa ficcional. E desde que eu vi este lançamento, fiquei bastante curiosa em relação á sua história, em especial por narrar fatos históricos principalmente História do Brasil, folclore nacional e acontecimentos sobrenaturais. Uma leitura que não posso deixar de conferir!!!
    Resenha adorável, parabéns!
    Beijos!!

    ResponderExcluir
  15. Vendo a capa desse livro, eu fiquei muito curiosa para ler!! Tempos difíceis os da escravidão!! Mas infelizmente a crueldade ainda está presente em nosso meio!! E o livro tem um parte romântica, o que me aguçou mais ainda a curiosidade em ler!!

    ResponderExcluir
  16. Olá!
    Esse livro é muito interessante. São épocas muitos marcantes para pessoas daquela época sendo escravos. Eu ganhei esse livro e tenho uma imensa vontade de ler ele e conhecer a trama, só sei que a premissa é muito boa.

    Meu Blog:
    Tempos Literários

    ResponderExcluir

Deixe seu comentário!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
Topo